quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Um Fígado Desopilado


Um fígado desopilado
Estava com o amigo Natan nas Pedras do Forte, sentado em uma das mesas do Observatório, quando ele levantou uma questão interessante: “– Sérgio, o que é o progresso”?
Foi um momento difícil, pois logo depois de apreciar um torresminho danado de bom, ainda rindo de uma boa piada e pegando uma garrafa de cerveja nevada, veio um assunto solene. As Pedras emitiram um estalo pigarreado.
Para meu Pai, 88 anos, o progresso foi o marca-passo implantado 20 anos passados. Para outros familiares foi a droga anti-depressiva, também vinte anos atrás. É a tecnologia melhorando a qualidade de vida do indivíduo e gerando progresso da pessoa.
Tenho muita atenção quando vejo numa TV (14”) de 15 anos de existência, no jornal matinal, que o trânsito em São Paulo ou Rio de Janeiro teve engarrafamento no horário da manhã. Vivi muitos anos retornando para casa sem hora para chegar, pois poderia ficar em transporte coletivo ou individual por até duas horas. Sem dúvida isso não é progresso.
Quando amplio ao Mundo o que é progresso, penso na população que ainda tem fome. Onde está localizada essa população? Tradicionalmente na Ásia, na África, Oriente Médio e na América Central e do Sul.
Recentemente, menos de 20 anos, na Europa e América do Norte a fome retornou em muitos lares. Como no centro do 1o mundo, matriz do progresso, ocorreu o empobrecimento da população? Andaram para trás? É pior do que ir para trás, é o início do esgotamento de um modelo de progresso. É o progresso baseado na acumulação financeira e de bens realizado por 1% da população mundial. Ao fim, é o progresso da pobreza num mundo sem limite da exploração do trabalho e sem justiça social.
O progresso no mundo em que vivo, o município de Itacaré, pode ser realizado com iniciativas simples. É o progresso baseado na mudança da cultura de administração municipal.
Qual é o papel do Governo municipal? São dois:
·        1- Na esfera pública: organizar e administrar os serviços de Educação, Saúde, Segurança, Saneamento, Transporte e Habitação Popular;
·         2-Na esfera privada: organizar e facilitar o Investimento Privado no segmento de Turismo e Construção Civil.
Qualquer governo que inicia, numa situação caótica como a de Itacaré, onde os HD’s dos computadores são retirados, onde é desconhecido o número de funcionários contratados e concursados, onde a situação financeira é desastrosa, em fim quando tudo é perigosamente desorganizado – indícios de intenção de dolo – para dificultar a nova administração pública, deve tomar as seguintes medidas no primeiro dia de governo:
1.     Contratar uma auditoria externa, para diagnosticar a situação financeira municipal. O resultado do trabalho irá identificar o ativo (disponível na Tesouraria e à receber no exercício fiscal) financeiro e o passivo (à pagar no exercício fiscal) municipal. Apurar a legalidade das contas à pagar e o ilegal enviar ao MP, Tribunal de Contas dos Municípios  e Procuradoria Municipal para cumprir os trâmites legais;
2.     Efetuar um recadastramento dos funcionários públicos;
3.     Organizar e propor ao Legislativo Municipal a realização de uma Conferência Municipal por tema (Educação, Saúde, Segurança, Saneamento, Transporte e Habitação Popular), para em conjunto com a população estabelecer prioridades de atendimento e estruturar a elaboração do Orçamento Municipal do próximo ano (2014).
Essas medidas básicas podem ser articuladas antes da posse, têm alguma complexidade para serem executadas, mas garantem segurança aos dirigentes municipais e qualidade de vida para população. O terceiro item permite a população escolher que progresso quer no seu bairro ou na condução da administração pública. Ademais evita um voluntarismo recorrente dos Prefeitos, que tem sem exceção, o hábito de se acharem um escolhido pela vontade divina, que foi ungido por meio do voto do eleitor. Como dizem no Observatório: “– Cumé qui podi”?
Foram boas as risadas do Natan. O Alm. Ganso e o Gal. Guel, para não perderem o hábito, se entreolharam e permaneceram quietos. O Prof. Son bebericou a água que passarinho não bebe. Já a Pedra do Forte deu um estalo. Ainda não sei interpretar o estalo!

Saudação democrática e petista, Sérgio Morrot.

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